15 de mar. de 2012

E o que dizer para os que acham que Jesus é lenda?

Uma estudante irada após uma palestra sobre a existência de Deus numa importante universidade canadense entregou ao palestrante um cartão que dizia: "Eu estava com senhor, até começar com essa de Jesus. Deus não é o Deus cristão". O palestrante em questão era o Dr.William L. Craig, que afirma ainda:
- Numa sociedade pluralista isso é muito comum. A maioria das pessoas não têm problema com a existência de Deus, mas não aceitam a divindade de Jesus.

Que argumentos os cristãos tem de melhor que os budistas, muçulmanos, hinduístas etc?

"Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos" (Atos 17:31)

As escrituras ensinam, através da apologética de Paulo em Atenas, que a ressurreição de Jesus é uma evidência da existência e do poder de Deus.

Mas como sabemos que Jesus ressuscitou? "Jesus vive em mim, eu sinto isso", respondem alguns. Resposta satisfatória no campo pessoal. Mas, ela não serve para os não crentes. Essa é uma alegação muito particular. Felizmente, o cristianismo como religião enraizada na história faz alegações históricas importantes sobre Jesus. Supondo que não encaremos o Novo Testamento como escritura inspirada, mas que a consideremos como um documento antigo compilado, com o mesmo status de outros documentos históricos de comunidades da antiguidade; talvez gere até espanto descobrir que a maior parte dos críticos do Novo Testamento aceita os fatos centrais que sustentam a ressurreição. Dr. Craig garantiu não estar se referindo somente a estudiosos evangélicos conservadores, mas também a uma gama de críticos em universidades seculares. Por mais supreendente que pareça, eles passaram considerar quatro evidências como fatos históricos:

FATO 1. Depois da  crucificação, Jesus foi sepultado por José de Arimateia, um judeu e membro do sinédrio, o tribunal que julgara Cristo. Isso significa que, ao contrário do que críticos radicais sempre afirmaram, o local do túmulo de Jesus era conhecido; inclusive por judeus e gentios. Os discípulos jamais poderiam ter anunciado a ressurreição em Jerusalém se o túmulo não fosse conhecido e não estivesse vazio. Os pesquisadores do NT consolidaram esse fato como histórico baseado em algumas evidências:

  • Os especialistas foram convencidos que o apóstolo Paulo cita uma tradição mais antiga (em 1 Coríntios 15:3) ao descrever o sepultamento de Jesus após sua conversão. É provável que ele tenha tido contato com essa tradição numa visita dele a Jerusalém em 36 d.C. (Gálatas 1:18; juntamente com Pedro e Tiago). Jesus foi crucificado em 30 d.C., portanto, quando Paulo a ouviu, essa tradição  remontava aos cinco primeiros anos após a morte de Jesus (pouco espaço temporal para a criação dos relatos lendários.
  • O relato do sepultamento faz parte de uma fonte muito antiga, que Marcos (reconhecido pelos estudiosos como o evangelho mais antigo) utilizou para escrever seu evangelho. Os evangelhos tendem a ser curtos relatos da vida de Jesus, nem sempre em ordem linear e cronológica. Mas, quando chegamos à paixão de Cristo, nesse caso, temos uma narrativa lenta, única e de relato contínuo. A maioria dos estudiosos entende que Marcos é o texto mais antigo e a fonte de Marcos para a paixão é mais antiga ainda. A comparação das narrativas mostram que elas não divergem até o momento posterior ao sepultamento. A fonte pré-Marcos era mais antiga e única sobre a paixão. Foi usada posteriormente por Lucas e Mateus.
  • José de Arimateia, como membro do sinédrio, dificilmente seria uma invenção dos cristãos. É improvável que o relato do sepultamento, citando um membro do sinédrio, seja uma invenção. É altamente improvável que os cristãos teriam, numa história inventada, atribuído a um judeu que julgou Jesus o sepultamento honroso que ele deu ao seu mestre.
  • Não existe relato concorrente/contrário sobre o sepultamento. Se fosse fictício, seria de esperar que achássemos outro vestígio histórico do que aconteceu ou outra lenda que competisse com a história do que aconteceu com o corpo de Jesus. Todas as fontes são unânimes em afirmar que José de Arimateia conduziu o sepultamento de Jesus Cristo.
Por isso, estudiosos, críticos ou não, concordam com FATO 1. De acordo com John A.T. Robinson (Universidade de Cambridge), o relato do sepultamento de Jesus é a historia mais detalhada e segura sobre "Jesus histórico".

FATO 2. No domingo seguinte crucificação, o túmulo de Jesus foi encontrado vazio por um grupo de seguidoras. Mais evidências foram usadas pelos estudiosos do NT:

  • A história de túmulo vazio faz parte do material de origem bastante antiga usado por Marcos.
  • A tradição antiga citada por Paulo em 1 CO 15:3-5 nos conduz ao túmulo vazio. Para qualquer judeu do primeiro século explicar que um homem morto havia ressuscitado implicava em garantir que o túmulo estava vazio (essa fora também a mensagem anunciada a judeus em Jerusalém - At 13:27-31).
  • A história de Marcos sobre o túmulo vazio é simples e não tem sinais de adornos e de que tenha sido aumentada para que se transformasse numa lenda. Para melhor entender a importância dessa afirmação, basta comparar a narrativa simples de Marcos com os apócrifos encontrados do segundo século, onde as histórias eram grandiloquentes, enormemente adornadas e fantasiosas.
  • O fato de o testemunho das mulheres não ser levado em conta na Palestina do primeiro século é um fato a favor de que elas desempenharam um papel na descoberta do túmulo vazio. De acordo com Flávio Josefo (historiador judeu do século I), o testemunho delas era tão ridículo que não era sequer digno de ser ouvido num tribunal judaico. Qualquer relato lendário atribuiria a testemunhas masculinas a honra da descoberta do túmulo vazio. Mas, os discípulos fazendo um relato honesto e real, disseram que foram mesmo as mulheres as descobridoras.
  • A alegação judaica de que os discípulos tinham roubado o corpo de Jesus mostra que de fato o corpo não estava no túmulo. Por que os judeus, diante da alegação dos discípulos sobre a ressurreição, os juedeus não disseram: "o corpo de Jesus está lá no sepulcro? Se os judeus tentavam explicar o túmulo vazio com uma história mais factível, essa é uma evidência de que o túmulo estava vazio.
Jacob Kramer, especialista austríaco na investigação do tema da ressurreição cristã, afirma: "de longe, a maioria dos especialistas apoia firmemente a confiabilidade das declarações bíblicas relativas ao túmulo vazio"

FATO 3. Em múltiplas ocasiões e em várias circunstâncias, múltiplas pessoas e grupos experimentaram aparições de Jesus. Estudiosos do NT aceitam essa realidade por três razões:
  • Testemunhas oculares listadas por Paulo em 1 CO 15:5-7. A certeza de Paulo é avalizada pelo fato de que ele as conhecia. Na lista de Paulo estava Pedro, os doze discípulos, mais de 500 irmãos da igreja e Tiago.
  • Há tradições presentes nos evangelhos que apresentam múltiplas e independentes aparições. A aparição a Pedro é confirmada independentemente por Lucas. A aparição aos doze é confirmada por João e Lucas. Testemunhos em Marcos, Mateus e João sobre aparição na galileia. João e Mateus confirmam as aparições às mulheres.
  • Pesquisadores perceberam sinais de credibilidade histórica em aparições específicas. Algumas com marcas próprias de historicidade - por exemplo, a inesperada atividade dos discípulos de pescarem antes da aparição de Jesus no lago Tiberíades. Outro caso: temos evidências nos evangelhos de que nem Tiago nem os outros irmãos acreditavam em Jesus quando ele viveu. Qual a razão para que a igreja produzisse relatos fictícios sobre a incredulidade deles sobre Jesus se eles fossem seguidores fiéis? Mas é indiscutível que eles se tornaram cristãos ativos após a morte de Jesus. Tiago era considerado apóstolo e ascendeu à condição de líder da Igreja de Jerusalém. De acordo com Josefo, no século I Tiago foi martirizado por sua fé em Cristo, tendo sido apedrejado. Seria possível haver dúvida de que a transformação do indiferente irmão de Jesus em um fervoroso fiel que pôs sua vida em risco se deve a certeza de que ele teve ao ver Jesus ressuscitado? Nas palavras de Paulo: "Apareceu Jesus a Tiago".
FATO 4. Os primeiros discípulos acreditavam que Jesus ressuscitara, apesar da predisposição para não crer e de terem boas razões para não crer. Pense na situação enfrentada pelos discípulos logo após a crucificação:

  • O líder deles estava morto e os judeus não tinham crença num messias morto. Esperava-se que o messias expulsasse os inimigos de Israel e restabelecesse o trono de Davi. A ideia de um messias que sofresse uma morte vergonhosa é uma contradição
  • A execução de Jesus como um criminoso demonstrava que ele era herege, alguém "debaixo da maldição de Deus. Segundo a lei judaica, em Dt 21:22-23 - "Se um homem culpado de um crime que merece a morte for morto e pendurado num madeiro, não deixem o corpo no madeiro durante a noite. Enterrem-no naquele mesmo dia, porque qualquer que for pendurado num madeiro está debaixo da maldição de Deus." - abandonar Jesus após sua morte era uma opção perfeitamente viável. Não apenas o mestre dos discípulos estava morto, mas a morte de cruz mostrava que os fariseus estavam certos o tempo todo e que eles seguiram por três anos um herege amaldiçoado por Deus.
  • As crenças judaicas acerca da vida após a morte excluíam a possibilidade alguém ressuscitar para a glória antes da ressurreição geral, no fim do mundo. Tudo que se poderiaa fazer era preservar seu túmulo como um santuário, aguardando a ressurreição geral. 
No entanto, apesar de tudo, eles creram e estavam dispostos a enfrentar a morte por essa crença.

Luke Timothy Johnson, especialista em NT, pondera: "É necessária uma experiencia transformadora para produzir um movimento como o cristianismo primitivo". N.T. Wright completa: "Como historiador, não consigo explicar a ascensão do cristianismo primitivo a não ser que Jesus tenha ressurgido, deixando para trás um túmulo vazio".

Contrariando as evidências de que Jesus foi sepultado por José de Arimateia, a descoberta de seu túmulo vazio, as aparições posteriores à ressurreição e a origem da crença que os discípulos tinham na ressurreição, os opositores apenas levantam as mãos e dizem: "não sabemos o que realmente aconteceu!"

Preferem sustentar (por exemplo, o pesquisador John Dominic Crossan, do Jesus Seminar) que :

  1. O corpo de Jesus foi jogado numa vala comum, reservada a criminosos, sendo provavelmente comido por cães.
  2. A visita das mulheres ao sepulcro vazio foi uma história criada por Marcos.
  3. Os discípulos nunca tiveram nenhuma aparição de Jesus após a sua morte.
  4. Os discípulos nunca acreditaram realmente em uma ressurreição literal de Jesus.


Ao longo da história foram apresentadas hipóteses de conspiração, morte aparente e alucinação. Hipóteses rejeitadas por estudiosos. Explicações naturalistas não atenderam tão bem a seis critérios usados para checar fatos históricos. Numa era de ceticismo e relativismos, os cristãos podem sustentar racionalmente que Deus ressuscitou o seu Cristo, agiu na historia e nós podemos conhecer os fatos.

14 de mar. de 2012

Você sabe em que realmente implica o ateísmo?


Dr. Craig começa contando que morava na Bélgica quando houve o colapso da URSS e o fim da cortina-de-ferro. Segundo ele, foi emocionante e especial viajar pela Europa na época daqueles eventos. Numa visita à antiga Leningrado, atual São Petesburgo, encontrou-se com o famoso físico e cosmólogo russo Andrei Linde. Perguntou a ele sobre a Rússia estar se voltando maciçamente para cristianismo durante aquele momento de mudança. Linde respondeu dizendo que em matemática existe um termo chamado comprovação por contradição: "Tentamos por décadas o ateísmo marxista e não deu certo. Portanto, as pessoas começam a pensar que o oposto pode ser verdade." (Andrei Gripp)

A visão de mundo do ateísmo é desesperadora, mas, antes de apresentar as evidências da existência de Deus, é preciso explicar às pessoas porque isso é importante. Algumas delas nem se importam.

Que diferença faz se Deus existe?
Muitos filósofos, como os franceses do séc. XX Albert Camus e Jean-Paul Sartre, argumentaram: "Se Deus não existe, a vida é um absurdo". Eles não consideraram que isso que afirmavam era uma evidência da existência de Deus, mas, ao contrário, consideraram que a vida era mesmo um absurdo. Sendo assim, a vida não tem sentido, valor e propósito definitivo (essa é a verdadeira e profunda implicação do ateísmo).
Se o ateísmo for verdade, a vida é mesmo sem sentido, sem valor e sem propósito. Por isso, questionar-se sobre a existência de Deus é a pergunta mais importante que se pode fazer.
Não é possível dizer que os ateus necessariamente veem a vida de forma entediante e vivem sempre de forma imoral. Mas, é possível afirmar que os ateus enxergam esses valores e propósitos como ilusões subjetivas.

Se Deus não existir, homem e universo estão irremediavelmente fadados à morte. Sem a esperança da imortalidade, a vida humana caminha para a cova apenas. Não passa de uma faísca na escuridão do universo. É uma ideia atordoante e ameaçadora pra nós. Pensar que a pessoa que eu chamo de "eu mesmo" não mais será. Deixará de existir totalmente. É o confronto com o "não ser", do teólogo liberal Paul Tillich.

Mais de Sartre: uma vez perdida a eternidade, não faz diferença se vão demorar muitos anos ou poucas horas (para a morte). Como prisioneiros condenados à morte, estamos aguardando a execução da sentença.

E qual a consequência disso?

Vida sem sentido final e absoluto - Se toda pessoa deixa de existir quando morre, que sentido final há em viver? A humanidade não tem mais sentido que um bando de porcos ou um enxame de mosquitos. O mesmo processo cósmico que cuspiu a vida, irá consumi-la de novo. A pesquisa médica para reduzir a dor, os esforços diplomáticos para manter a paz, os sacrifícios de pessoas de bem por todo o mundo para melhorar a sorte do homem não fazem qualquer diferença. Se o seu destino não tem relação alguma com o seu comportamento, você pode viver como quiser. Tanto faz ser visto como um líder semelhante a Joseph Stalin ou como Madre Tereza; no final, serão todos entregues ao mesmo fim.

Vida sem valores - A crueldade do ateísmo está na crença de que não há Deus, não há outra vida e não há punição para o mal. Por puro interesse ou prazer próprio, cada um pode viver como quer. Não há nenhuma razão objetiva para a moral, não há qualquer razão objetiva para que o homem faça qualquer coisa, a não ser que a ação lhe dê prazer ou benefício. Segundo o ateísmo, não há nada de especial nos seres humanos: são meros subprodutos do acaso na natureza. "Somos máquinas para propagação de DNA. No fim, não há nenhum plano, nenhum propósito, nenhum mal, nenhum bem, apenas uma insipida indiferença sobre a vida" (Richard Dawkins). De fato, se não há Deus, ninguém pode dizer o que é certo ou o que é errado

Vida sem um propósito final - Não há um plano para o universo. E o que dizer dos humanos? Quem conhece sabe que o livro de Eclesiastes mais parece uma peça do existencialismo moderno do que um livro da Bíblia. O autor mostra a futilidade da riqueza, da instrução, dos relacionamentos e da honra numa vida que termina na cova. Que grande ilusão é a vida! Sem Deus, o homem e o universo são um acidente cósmico apenas. Não há razão para que tudo exista. É tudo matéria casual. Se Deus não existe você não passa de um aborto da natureza, jogado num universo sem sentido, para viver sem razão até morrer. É preciso então entender a gravidade da alternativa ateísta ao nosso redor. Lamentavelmente, as pessoas não se dão conta disso e vão tocando suas vidas como se nada disso fosse importante. Bertrand Russell, filósofo galês, disse algo do tipo: "Só nos resta viver firmemente fincados no mais profundo desespero. Reconhecer que o mundo é um lugar horrível para se viver." Seguido por Albert Camus: "Reconhecer que o mundo é desesperador que só nos resta viver apaixonadamente uns pelos outros, ainda que sem sentido".

Mas, a nossa constatação é de que muito difícil viver de maneira consistente, sermos felizes e coerentes e, ao mesmo tempo, sustentar uma cosmovisão tão pessimista e desesperadora.

O cristianismo bíblico fornece exatamente o que a humanidade precisa para viver de maneira consistente: eternidade e Deus. O sucesso do cristianismo está exatamente na maior falha do ateísmo: dar sentido à vida humana, coerência e possibilidade de uma ser realmente feliz. As pessoas precisam sair dessa indiferença e perceber a importância a importância do assunto da existência de Deus.

Blaise Pascal, filósofo e matemático cristão: "Não temos nada a perder e muito a ganhar ao optar por uma crença em Deus."

Apologética contemporânea para um mundo de incertezas

Por André Freitas e Filipe Xavier

Doutor em filosofia pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, e em teologia pela Universidade de Munique, na Alemanha, o norte-americano William Lane Craig é daqueles sujeitos cujo currículo intimida e faz os mais novos o elevarem a um pedestal de admiração, pensando que o "cabeça" deve viver dedicado à vanguarda da ciência e aos temas complexos da existência. Acontece que o Dr. Craig é, sim, um renomado professor de filosofia e um intelectual de gabarito, mas que resolveu dedicar toda a sua retórica à defesa de um "outro mestre", que andara de sandálias pelas terras da Palestina há uns dois mil e poucos anos. Não que Jesus Cristo precise de advogados, mas William Craig entende que o soberano Deus usa também apresentações racionais e mais sofisticadas para revelar-se ao mundo. Palestrante principal do oitavo Congresso de Teologia Edições Vida Nova, Dr. Craig, na sua primeira fala, acabou fazendo um bom resumo do início do seu livro "Em Guarda". Abaixo os melhores momentos, e que podem levá-lo a pensar sobre como apresentar a esperança que há em ti com eficiência (1 Pedro 3:15):

Quem precisa de apologética?
Todo cristão, pois a apologética cristã (a defesa racional da fé cristã) pode ser de grande utilidade, ainda que ela não seja indispensável para algum fim.

Pra que ela serve?
Ramo da teologia que procura oferecer um respaldo racional para as perguntas de cada tempo. Os argumentos da apologética, no entanto, não são, repito, indispensáveis para respaldar a crença cristã. As escrituras parecem nos ensinar que a crença cristã é respaldada pelo testemunho do Espírito Santo (uma certeza que se recebe após a conversão), sem necessariamente receber argumentos racionais. Mas, não podemos achar que ela - a apologética bem feita - é inútil.

Com a apologética temos, portanto, um duplo aval para suas crenças cristãs: o testemunho do Espírito e os argumentos racionais. Ter argumentos sólidos para a existência de um Criador, de um arquiteto do universo,  pode aumentar a garantia para as alegações de verdade do cristianismo. Em tempos de sequidão espiritual - quando parece que o testemunho do Espirito está ausente - ela pode dar apoio intelectual e firmeza às crenças cristãs.

Ainda que a apologética não seja necessária para respaldar a crença cristã, ela é fundamental para alguns fins:


  • Moldar a cultura - apologética pode ser fundamental para que o Evangelho seja ouvido na sociedade ocidental (pós-cristã) de hoje. O fermento do Iluminismo (a ideia de que o conhecimento é alcançado apenas pela razão) já está muito difundido. Ainda que a maioria dos iluministas fossem teístas, a teologia não é considerada uma fonte de conhecimento genuína ou válida. Religião e ciência passaram a estar em profunda contradição. Quem segue radicalmente a busca do conhecimento apenas pela razão acaba tornando-se ateu ou agnóstico. O Evangelho nunca é ouvido isoladamente, mas sempre pelo contexto cultural no qual vivemos. A pessoa que cresce num contexto cultural em que o cristianismo é uma opção intelectualmente viável estará mais aberta à verdade cristã. Para o sujeito num ambiente secularizado, crer em fadas é uma opção tão viável quanto crer em Cristo. Quando palestrei numa universidade no Porto (Portugal) era tão difícil os alunos acreditarem na existência de um intelectual cristão - com dois doutorados em universidades europeias - já que nunca tinham sequer visto um filósofo cristão (isso pra eles não existia), que acharam que eu era um impostor. Chegaram a ligar para universidade em que eu era pesquisador na Bélgica para confirmar a informação. Os cristãos que desprezam a apologética e argumentam que ninguém vem a Cristo por argumentos racionais têm uma visão fechada demais do cristianismo. O cristianismo bíblico se recolheu ao isolamento do esconderijo intelectual, deixando a mensagem para a cultura de que o cristianismo é uma fantasia inofensiva. Temos condições de reformular nossa cultura, levando a de novo pensarem no Evangelho como uma opção que faz sentido para pessoas pensantes.


  • Fortalecer os crentes - as emoções só podem nos levar até certo ponto do crescimento. Depois, precisaremos de algo mais substancial. A apologética vai fornecer essa substância racional. Viajo dando palestras e nas igrejas ouço coisas do tipo: "Nosso(a) filho(a) tinha questões que ninguém na igreja podia responder e ele(a) foi se afastando do Evangelho. Ah, se o senhor tivesse vindo aqui antes... Ele(a) não teria se desviado" Muitos são impedidos de apostatar quando têm suas questões respondidas. Deus tem utilizado apologética para impedir pessoas de desviar do Evangelho. No ensino médio ou na universidade os adolescentes e jovens são imersos num universo em que valores da cultura cristã são violentamente atacados. Se os pais não estiverem profundamente engajados com a apologética, com o preparo para responder seus filhos nas suas questões, poderemos continuar perdendo nossa juventude. Debates racionais, com respostas convincentes e intelectuais, encorajam, fazem os jovens saírem orgulhosos - de cabeça erguida por serem cristãos. Muitos jovens não compartilham sua fé por medo. Escolhem permanecer em silêncio, por não saberem o que responder diante de seus colegas; escondendo assim a sua luz debaixo do alqueire, em desobediência ao mandamento de Cristo. Uma boa formação apologética é um dos segredos do evangelismo destemido.

  • Evangelizar os descrentes - "Ninguém vem a Cristo por argumentos racionais", é o que muitos dizem por aí. Essa atitude negativa com relação à apologética não corresponde com a visão bíblica. Quando lemos Atos é evidente que a atitude padrão era argumentar racionalmente sobre a veracidade da visão cristã, tanto para judeus quanto gentios. Os apóstolos recorriam ao cumprimento das profecias, aos milagres de Jesus e, sobretudo, à ressurreição para comprovar que Ele era o messias. Quando encontravam gentios que se recusavam a crer, recorriam às obras das mãos de Deus na natureza e, depois, às testemunhas oculares para provar que Deus se revelou. . Esses, costumam ter enorme influência em seus nichos culturais. C.S. Lewis foi uma dessas pessoas e vejamos o impacto de sua conversão até hoje. A defesa da fé, a defesa de Cristo, por meio de argumentos apologéticos, não tem sido ineficaz no evangelismo. Quando apologética cristã é firmemente apresentada, combinada com apresentação do Evangelho e um testemunho pessoal, será usada pelo Espirito Santo para trazer alguns para Si. Creio ser - a apologética -  uma parte vital do "currículo teológico do discipulado".