18 de jun. de 2010

Saramago morre, e agora, onde ele está?

Morreu na Espanha o escritor português José Saramago. Famoso por ter ganho o prêmio Nobel de Literatura (1998), mas também por ser um inveterado defensor do comunismo e ácido crítico das religiões. Algumas de suas muitas frases relembradas no dia de sua morte pela imprensa no mundo todo:

"No fundo, o problema não é um Deus que não existe, mas a religião que o proclama. Denuncio as religiões, todas as religiões, por nocivas à Humanidade. São palavras duras, mas há que dizê-las."

"Deus, o diabo, o bom, o ruim, tudo está na nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos. Não percebemos que, tendo inventado Deus, imediatamente nos escravizamos a ele."

"Não sou pessimista. O mundo é que é péssimo."

Aproveito para republicar abaixo um post que escrevi no dia 29 de novembro de 2008, quando Saramago foi sabatinado pela Folha de S.Paulo


Ensaio sobre a cegueira




"Você diz: ‘Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada’. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego, e que está nu." (Judas 3:17)

Me pergunto: como pode alguém que com maestria escreveu sobre a depravação moral humana, caída e em estado de cegueira, ser tão materialista e só crer no que vê? Ousadamente, o português José Saramago questiona, durante sabatina realizada pelo jornal Folha de S.Paulo: "Precisamos de Deus? Mas precisamos de Deus pra que?
Pobre Saramago; tão cego quanto os personagens de seu famoso romance. Não enxerga que tudo há de passar. Que sua obra passará, que os médicos passarão, que sua esposa passará e que ele próprio, com seu corpo que ele tanto valoriza, passará (visto sua senilidade, pode não demorar muito). Não enxerga que ele não pode criar-se a si mesmo, que é perecível e que quando ao pó voltar o amor de Deus pela humanidade permenecerá. Porque só Yahweh era, é e há de ser.
Miserável, digno de compaixão, pobre, cego e nu, Saramago!



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